Amor Portátil
Até onde nos levam as palavras?
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Paixões de Outono
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
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"Se eles soubessem como é viver presa nesse inferno que é a nossa cabeça e nosso coração, valorizariam cada sorriso nosso porque só nós sabemos como dói sorrir."
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Dad
domingo, 12 de setembro de 2010
Amor à pátria
Estes dias o meu subconsciente dirigiu-me para a realidade dos sonhos, essa realidade irreal e metafísica, quase sempre doce e simultaneamente amarga. Tenho sonhado muito, com entes abstractos e entes materiais, com possibilidades utópicas e terras sem nome. Tenho sonhado muito, para me refugiar de uma realidade desencontrada e desconhecida.
Contudo, nenhuma terra sem nome que me aparece nos sonhos tem o sabor doce e puro da minha terra real. Do meu país, verde e fresco, das gentes humildes e hospitaleiras. Amo o meu país e a sua verdade, a realidade que não mente e que oferece as humildes possibilidades de uma vivência tranquila. Venero as suas cidades moderadamente agitadas, com o tráfego dos carros no fim de tarde, com o caminhar apressado dos trabalhadores que escolhem a deslocação apeada, e pelo caminhar vagaroso e tímido de estudantes que regressam a casa. Admiro as suas paisagens incrivelmente belas por serem tão simples, com montanhas saloias e monumentos carregados da história mais rica, bela e envolta em mistério – a história deste Portugal pequeno em dimensão e grandioso na sua evocação e aconchego.
Gosto de acordar por baixo deste céu coberto num clima ameno e pacato, que se adequa numa junção perfeita ao ambiente deste lugar. De caminhar na rua sob a melodia deste idioma irremediavelmente belo e romântico, envolto em poesias melódicas e cheias de ritmo, trespassado pelo sentimentalismo dos grandes poetas. Este idioma da saudade que me faz apaixonar todos os dias, que me leva a mergulhar na riqueza das suas palavras completas e com infinitos significados. É neste idioma que quero escrever eternamente, mesmo que a vida me encaminhe para destinos mais exóticos ou ricos, hei-de reservar sempre para o meu português a doçura das palavras e os textos apaixonados e misteriosos.
Sinto no meu coração o orgulho de pertencer ao país dono da língua da Saudade. O quanto não vale possuir esse vocábulo, essa palavra que tem a riqueza de um tesouro imenso, que transmite em si o que noutros idiomas seria necessário proclamar em longas e numerosas palavras. Gosto de dizer “saudade”, e de me sentir portuguesa. Gosto de sentir a saudade e de me sentir portuguesa. A saudade dos amantes, revertidos ao desgosto, a saudade de beijos lânguidos e intermináveis, de passeios de mão dada banhados pelo brilho etéreo da lua, de noites de amor e de corpos presos por fios de mel invisível. A saudade que o soldado na terra além-mar sente pela família que deixou revertida ao abandono, sob o signo do medo e da preocupação. A saudade da infância ágil e bela, povoada de sonhos e princesas.
Amo o meu país, a sua segurança, o seu ambiente de paz, a sua pobreza irremediável que faz das pessoas mais humanas e perceptíveis aos problemas. Amo o seu vermelho do sangue jorrado, amo o verde da esperança culminados na esfera armilar que simboliza o nosso eterno património. E cada vez que visito um outro lugar desconhecido, sob línguas redondas ou cantaroladas, deixo-me depois deliciar pela incomparável sentimento de regressar ao meu lar, sentimento tão exacerbado que lhe dou o nome pomposo de felicidade.
sábado, 11 de setembro de 2010
Let it burn
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Mulheres
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
O que não nos mata...
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Recordar(-te)
A questão é o porquê de te escrever, e para te responder utilizo um argumento nem sempre claro ou compreensível: sinto falta de falar, desabafar e me alongar com alguém da forma que fazia contigo, porque nunca ninguém me entendeu como tu, com a tua compreensão nata, e o conhecimento profundo que tinhas de mim. Falar contigo era como me encontrar em frente a um espelho, uma voz simultânea de consciência, um perfeito espaço e tempo para me encontrar a mim mesma. A nossa confiança era colossal, nata, natural e espontânea, e sei que eras tantas vezes o meu melhor amigo, muito mais do que amante ou amado. É por isso que hoje te escrevo, para partilhar contigo esta minha paz e, mentiria se não o confessasse, a ainda alguma saudade que resistiu.
Não sei se és feliz agora, se o tempo te trouxe a tal felicidade e adrenalina que sempre procuraste na vida, e se o sorriso e a gargalhada perante tudo ainda são o teu grande remédio para curar as tristezas. Eu sou uma pessoa renovada e diferente, mais crescida e independente, acredito. Já não espero nada com sofreguidão, aceito tudo com gratidão e luto para alcançar os meus grandes sonhos e objectivos. Já não sou tão idealista, sonhadora, sempre à espera de atingir um limiar quase impossível e inexistente, sempre a acreditar que a vida pode e deve ser como nos contos de fadas, que é realidade é pintada em marca de água pelo sonho. Já não exijo dos outros aquilo que eles não podem, não conseguem ou não querem ser, algo que fiz contigo e que te afastou para sempre de mim. Agora sinto-me mais térrea, madura, o que obviamente também me traz alguma amargura e uma menor capacidade para sonhar, mas acho que os contras são bem menores quando comparados aos prós da minha mudança. Gostava que estivesses aqui agora, para poderes partilhar e orgulhar-te da nova pessoa que sou, criada e transformada à luz de muito tempo de sofrimento e escuridão, que lentamente se foram clareando. Hoje conheço um mundo diferente, e gostava que estivesses aqui para ver esse mundo comigo, e para que entendesses que nem sempre a vida é um monstro tão hediondo, para que pudesses finalmente reconhecer que não tens que ser fruto de uma infância difícil, que podes ser diferente, que podes ultrapassar e conseguir.
Sou feliz, mas no que diz respeito ao amor ainda estou a tentar entender todas as certezas que me foram retiradas quando te foste embora. Como sabes tenho agora um novo amor, completo e profundo, uma relação que se pode considerar de sonho, um príncipe que me eleva à mais altiva condição de princesa, que me oferece sonhos, flores e doses intermináveis de mel. Como vês, tudo o que sempre quis e tudo o que sempre exigi de ti, acusando-te tantas vezes de falta de romantismo, já que nunca entendi ou aprendi a respeitar-te, a respeitar a concha na qual te fechavas para proteger a tua ferida eterna, a tua incapacidade de dar. Este novo amor é completo em tudo, e coloca-me como prioridade em tudo o que é ou faz, e digo sinceramente que sou feliz. Mas mentiria se dissesse que às vezes ainda não sei amar, ainda não sei aceitar que é possível alguém me amar com tanta totalidade e verdade, ainda não consigo viver na plenitude algo tão bom, porque parece bom demais para ser verdade. Às vezes ainda me apareces nos sonhos, e fico muito zangada contigo por perturbares a minha paz e a minha nova vida e por manipulares o meu sub-consciente, mas depois acabo por te resignar à condição de recordação e acabo invariavelmente por aceitar que aquilo que nos marca jamais desaparece. É isto que repito a mim mesma quando às vezes dou por mim a tocar-lhe na pele e a compará-la com a tua, a sentir falta do teu corpo esguio e magro, do teu cheiro leve e perfumado, da tua gargalhada estridente. Sei que ele ainda não me conhece como tu conhecias, que às vezes não sabe o que fazer ou dizer e que não entende muitas partes de mim, mas reconheço que tenho de dar tempo ao tempo, espaço e tudo o que o merece e que tenho de aceitar a tua ausência como algo de bom, porque realmente o é.
Só espero no meu mais profundo íntimo que estejas feliz, que a vida te ajude e ensine a dar, que possas curar essa ferida que te impede de amares na plenitude, de seres feliz, de conseguires amar sem medo de cair. E lembra-te que o céu é o limite e não exige meta que não possas atingir, que deves perseguir o teu sonho até ao fim. Eu vou perseguir os meus, e levo-te para sempre num canto da minha bagagem.