domingo, 19 de julho de 2009

Dualidade realidade e sonho

O impacto das desilusões trouxe-me o olhar à espreita, a desconfiança e, de um modo víscero e intemporal, o medo. Mas nunca foi o suficiente para me levar os sonhos. Esses residem em mim com uma consistência incrível, uma consistência que não encontro em mais nada (talvez porque o lado lunático que sempre me acompanha me impossibilite de sobrepôr a razão ao sentimento). Os sonhos trago-os comigo entranhados em tudo o que sou e represento - no meu corpo, na minha cabeça e no meu coração. Estou sempre a construí-los (para alguns estou a desenhar o projecto, num traço firme e assertivo, para outros já sobreponho tijolos, numa certeza mais plena, mais certa, mais segura). Às vezes quero apenas afastá-los, quando a minha cabeça convence o coração, numa batalha sem tréguas, de que sonhos resultam sempre em desilusões. Mas não consigo, porque me convenci, num certo ponto que não sei precisar, de que para quem vive a sonhar é mais fácil viver.

Os meus sonhos constituem quase sempre um romance clássico e emocionante, e é por eles que a minha definição de amor jamais poderá equiparar-se à realidade. São sonhos cheios e sem limite, uns mais surrealistas, outros quase possíveis de acontecer.
Castelos no ar, príncipes a cavalo e o meu coração um eterno viajante, são os protagonistas de histórias criadas por mim. Vou apagando, dia após dia, a linha que limita o sonho e a realidade, tornando-a tão ténue que receio misturar o real ao irreal. E, ainda que o sonho seja doce e interminável, só a realidade me pode trazer o teu amor feito de açúcar.